Eleições estaduais em Minas Gerais em 1965
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Eleições estaduais em Minas Gerais em 1965 | ||||
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3 de outubro de 1965 (Turno único) | ||||
Candidato | Israel Pinheiro | Roberto Resende | ||
Partido | PSD | UDN | ||
Natural de | Caeté, MG | Não disponível | ||
Vice | Pio Canedo | Lúcio de Souza Cruz | ||
Votos | 937.555 | 793.409 | ||
Porcentagem | 53,21% | 45,03% | ||
Candidato mais votado por município (722): Israel Pinheiro (377) Roberto Rezende (345) | ||||
Titular Eleito | ||||
As eleições estaduais em Minas Gerais em 1965 ocorreram em 3 de outubro como parte das eleições gerais em nove estados cujos governadores exerciam um mandato de cinco anos, embora o pleito em Alagoas tenha sido anulado por razões legais.[1] No caso dos mineiros foram eleitos o governador Israel Pinheiro e o vice-governador Pio Canedo.[2][nota 1][nota 2]
Maior colégio eleitoral em disputa no país em 1965, Minas Gerais adquiriu uma importância estratégica para o Regime Militar de 1964, cujo representante em solo mineiro era o governador Magalhães Pinto.[3] Ciente que deveria se empenhar por uma vitória de seu candidato, o governador impôs à UDN uma solução familiar, pois o médico Roberto Resende, escolhido em convenção, era esposo de uma das sobrinhas de Magalhães Pinto.[4][5] Paralelo a isso, os udenistas empenharam-se em inviabilizar o nome de Sebastião Paes de Almeida, vetado pelo presidente Castelo Branco por ser "inimigo da Revolução" e depois impugnado pelo Tribunal Superior Eleitoral por abuso de poder econômico.[6] Diante dos fatos, o PSD indicou Israel Pinheiro como candidato ao Palácio da Liberdade.[7]
Nascido em Caeté e formado engenheiro civil e de minas pela Universidade Federal de Ouro Preto, Israel Pinheiro viajou à Alemanha, França e Reino Unido para estudar siderurgia.[nota 3] Filho de João Pinheiro e irmão de João Pinheiro Filho, trabalhou nas empresas da família e como integrante do Partido Republicano Mineiro foi eleito vereador em Caeté em 1922. Nomeado secretário de Agricultura pelo interventor Benedito Valadares em 1933, assumiu a presidência da recém-criada Companhia Vale do Rio Doce em 1942 durante o Estado Novo.[7] Filiado ao PSD, elegeu-se deputado federal em 1945, assinou a Carta Magna de 1946 e foi reeleito em 1950 e 1954.[8] Durante a eleição presidencial de 1955 contribuiu para a vitória de Juscelino Kubitschek e no ano seguinte renunciou à cadeira parlamentar a fim de assumir a presidência da Companhia Urbanizadora da Nova Capital e assim gerenciou a Construção de Brasília.[nota 4] Nomeado governador do Distrito Federal em 21 de abril de 1960, saiu do cargo por decisão do presidente Jânio Quadros e afastou-se da vida política, à qual retornou em 1965 ao eleger-se governador de Minas Gerais.[7][nota 5][nota 6]
Por imposição do Código Eleitoral promulgado em 15 de julho de 1965, a eleição do governador e do vice-governador aconteceria sob a mesma chapa[9] e não mais em pleitos distintos, por isso a vitória de Israel Pinheiro beneficiou também Pio Canedo. Nascido em Muriaé, o referido político foi eleito deputado estadual via PSD em 1954, 1958 e 1962 e vice-governador de Minas Gerais em 1965.[10]
Resultado da eleição para governador
Conforme o Tribunal Superior Eleitoral houve 1.761.930 votos nominais (93,69%), 32.386 votos em branco (1,72%) e 86.378 votos nulos (4,59%), resultando no comparecimento de 1.880.694 eleitores.[2]
Candidatos a governador do estado | Candidatos a vice-governador | Número | Coligação | Votação | Percentual |
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Israel Pinheiro PSD | Pio Canedo PSD | ||||
Roberto Resende UDN | Lúcio de Souza Cruz PR | ||||
Pedro Gomes de Oliveira MTR | Lincoln Continentino MTR |
Bancada federal após o bipartidarismo
Três dias após o pleito, o presidente Castelo Branco reuniu-se com o ministro da Guerra Costa e Silva, o ministro da Marinha Paulo Bosísio, o ministro da Aeronáutica Eduardo Gomes e o ministro da Justiça, Milton Campos, para avaliar o resultado das eleições. Ao final do encontro o governo garantiu a posse dos eleitos não obstante o desagravo com as vitórias de Israel Pinheiro em Minas Gerais e Negrão de Lima na Guanabara, objeções calcadas no fato de que ambos serviram ao Governo Juscelino Kubitschek.[11] Em troca, os militares "linha-dura" foram contemplados com o Ato Institucional Número Dois e instrumentos subsequentes que fortaleceram os poderes do Executivo e garantiram a continuidade do regime.[12]
Notas
- ↑ Os governadores eleitos em 1947 terminaram os mandatos no mesmo dia que o presidente Eurico Gaspar Dutra. A partir de então, nove estados fixaram em cinco anos o mandato de seus governadores na ausência de uma vedação constitucional (Alagoas, Maranhão, Mato Grosso, Minas Gerais, Pará, Paraíba, Paraná, Rio Grande do Norte e Santa Catarina), e assim as eleições ocorriam a cada lustro sendo que Goiás e a recém-criada Guanabara aderiram à regra do quinquênio em 1960.
- ↑ A Emenda Constitucional nº 13 promulgada em 8 de abril de 1965 exigia a maioria absoluta de votos para homologar o resultado, quórum inexistente no caso alagoano.
- ↑ A respeito de algumas nomenclaturas em uso nesta página esclarecemos que a sede do governo mineiro foi transferida em 2010 para a Cidade Administrativa de Minas Gerais e a graduação de Israel Pinheiro ocorreu na Escola de Minas de Ouro Preto.
- ↑ Sua renúncia ao mandato de deputado federal aconteceu em 8 de outubro de 1956 e resultou na efetivação de Olavo Costa.
- ↑ Em 1969 a Emenda Constitucional Número Um que denominou "governadores" aos até então "prefeitos" do Distrito Federal.
- ↑ Sob o aspecto formal a eleição de Israel Pinheiro aconteceu sem coligações partidárias, mas extraoficialmente o mesmo recebeu o apoio de diferentes legendas que são mencionadas conforme se folheiam as publicações da época.
Referências
- ↑ BRASIL. Presidência da República. «Emenda Constitucional n.º 13 de 08/04/1965». Consultado em 24 de novembro de 2017
- ↑ a b BRASIL. Tribunal Superior Eleitoral. «Repositório de Dados Eleitorais». Consultado em 24 de novembro de 2017
- ↑ «CPDOC – A trajetória política de João Goulart: biografia de Magalhães Pinto». Consultado em 25 de novembro de 2017
- ↑ Redação (13 de julho de 1965). «Maioria absoluta elege Roberto Resende candidato da UDN em Minas Gerais. Primeiro Caderno – p. 04». bndigital.bn.gov.br. Jornal do Brasil. Consultado em 25 de novembro de 2017
- ↑ Redação (18 de julho de 1965). «Sucessão em Minas está definida. Primeiro Caderno – p. 04». bndigital.bn.gov.br. Jornal do Brasil. Consultado em 25 de novembro de 2017
- ↑ Redação (8 de setembro de 1965). «TSE declara Pais de Almeida inelegível por 4 votos a 2. Primeiro Caderno – p. 03». bndigital.bn.gov.br. Jornal do Brasil. Consultado em 25 de novembro de 2017
- ↑ a b c «CPDOC – A trajetória política de João Goulart: biografia de Israel Pinheiro». Consultado em 25 de novembro de 2017
- ↑ BRASIL. Câmara dos Deputados. «Biografia do deputado Israel Pinheiro». Consultado em 25 de novembro de 2017
- ↑ BRASIL. Presidência da República. «Lei n.º 4.737 de 15/07/1965». Consultado em 25 de novembro de 2017
- ↑ Redação (30 de setembro de 1965). «Eleições no domingo em 11 estados. Primeiro Caderno – p. 10». acervo.estadao.com.br. O Estado de S. Paulo. Consultado em 25 de novembro de 2017
- ↑ «Juscelino Kubitschek (1902-2002) – biografia de Negrão de Lima no CPDOC». Consultado em 17 de março de 2023
- ↑ Redação (6 de outubro de 1965). «Decisão inabalável: posse aos governadores eleitos. Capa». acervo.folha.com.br. Folha de S.Paulo. Consultado em 25 de novembro de 2017
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