Série 070 a 097 da CP
Série 070 a 097 | |
---|---|
Locomotiva 094, exposta no Entroncamento, em 2003. | |
Descrição | |
Propulsão | Vapor |
Fabricante | Henschel & Sohn S. L. M. Oficinas Gerais de Sta. Apolónia |
Tipo de serviço | Via |
Características | |
Bitola | Bitola ibérica |
Operação | |
Ano da entrada em serviço | 1916 |
A Série 070 a 097 foi um tipo de locomotiva a tracção a vapor, utilizada pela Companhia dos Caminhos de Ferro Portugueses.
História
Esta série de locomotivas foi encomendada pela Companhia dos Caminhos de Ferro Portugueses durante a Primeira Guerra Mundial.[1] As primeiras quinze unidades foram produzidas pela empresa suíça Société Suisse pour le Constrution de Locomotives et Machines, de Winterthur,[2] e vieram em duas fases, tendo as locomotivas 071 a 075 vindo em 1916, e as 076 a 085 em 1920.[1] Foram encomendadas para servir especificamente no serviço tranvia entre Lisboa-Rossio e Sintra, via Túnel do Rossio.[3] Estas foram as únicas locomotivas de via larga portuguesa a serem construídas na Suíça, tendo sido desenhadas pelo engenheiro norueguês Olaf Kjelsberg, que era o director técnico da Société Suisse.[1]
Outras doze locomotivas foram fabricadas pela firma alemã Henschel & Sohn, e vieram para Portugal como parte das reparações de guerra alemãs, tendo entrado ao serviço da Companhia em 1929.[2]
Locomotiva n.º 070
Nos finais de Abril de 1944, iniciou-se a construção da locomotiva 070, que foi concluída em 3 de Dezembro do mesmo ano, demorando cerca de sete meses.[2] Foi construída nas Oficinas Gerais de Lisboa, tendo o número de horas de trabalho sido de quase setenta mil, e empregado 450 operários; a sua construção foi dirigida por Pedro de Brion, engenheiro-chefe da Divisão de Material e Tracção, auxiliado pelos engenheiros Horta e Costa e Vasco Viana.[2] De forma a acelerar o fabrico, foi empregada uma caldeira que estava sobressalente, que seria substituída por uma nova, quando chegassem os materiais necessários, vindos do estrangeiro.[2] Nos valores da época, o custo total da locomotiva foi inferior a 890.000 escudos, cerca de 25% mais dispendiosas do que as últimas locomotivas desta série que foram encomendadas.[2]
Foi oficialmente inaugurada em 6 de Fevereiro de 1945, numa cerimónia realizada nas Oficinas Gerais, à qual assistiram o Ministro das Obras Públicas, Cancela de Abreu, o subsecretário de estado das Obras Públicas, vários membros da imprensa, representantes de vários sindicatos ferroviários, e os constituintes do Conselho de Administração da Companhia.[2] A cerimónia consistiu numa descrição da locomotiva, pelo engenheiro Pedro de Brion, seguida de discursos do administrador Fausto de Figueiredo e do Ministro das Obras Públicas; em seguida, realizou-se o corte de fita, após o qual a máquina se colocou em movimento, entrando oficialmente ao serviço.[2]
Esta locomotiva seria, posteriormente, reparada e conservada em Cascais.[1]
Locomotiva n.º 072
A n.º 072 desta série encontra-se parquada numa via de resguardo na estação de Gaia desde a década de 1990 em estado de progressiva degradação, junta com cinco outras locomotivas a vapor de outras séries.[4]
Lista de material
№ | : | a | observações[5] |
---|---|---|---|
070 | 810☑︎ | [quando?] | Entroncamento (museu) |
071 | 880✖︎ | <1974 | [onde?] |
072 | 810⛛︎ | ~1995 | Gaia[4] |
073 | 880✖︎ | <1974 | [onde?] |
074 | 880✖︎ | >1974 | [onde?] |
075 | 880✖︎ | >1974 | [onde?] |
076 | 880✖︎ | <1974 | [onde?] |
077 | 880✖︎ | >1974 | [onde?] |
078 | 880✖︎ | <1974 | [onde?] |
079 | 880✖︎ | >1974 | [onde?] |
080 | 880✖︎ | >1974 | [onde?] |
081 | 880✖︎ | >1974 | [onde?] |
082 | 880✖︎ | >1974 | [onde?] |
083 | 880✖︎ | >1974 | [onde?] |
084 | 880✖︎ | >1974 | [onde?] |
085 | 880✖︎ | <1974 | [onde?] |
086 | 880✖︎ | >1974 | [onde?] |
087 | 880✖︎ | >1974 | [onde?] |
088 | 880✖︎ | >1974 | [onde?] |
089 | 880✖︎ | >1974 | [onde?] |
090 | 880✖︎ | >1974 | [onde?] |
091 | 880✖︎ | >1974 | [onde?] |
092 | 880✖︎ | <1974 | [onde?] |
093 | 880✖︎ | >1974 | [onde?] |
094 | 810☒︎ | [quando?] | Entroncamento (jardim) |
095 | 880✖︎ | >1974 | [onde?] |
096 | 880✖︎ | <1974 | [onde?] |
097 | 880✖︎ | >1974 | [onde?] |
: | qt. | estado |
---|---|---|
810☑︎ | 1 | musealizada, funcional |
810☒︎ | 2 | musealizadas, estáticas |
810⛛︎ | 1 | abatida |
880✖︎ | 25 | demolidas |
28 | (total) |
Descrição
Esta série era composta por 28 locomotivas-tanque a vapor, numeradas de 070 a 097.[1][2] Consideradas as locomotivas a vapor mais equilibradas em Portugal, tinham sido originalmente preparadas para rebocar os comboios tranvias na Linha de Sintra, mas chegaram a fazer todo o tipo de serviços, dentro das suas capacidades.[1] Prestaram sobretudo serviços suburbanos[6] e tranvias em Lisboa.[1][2] Após a electrificação das linhas férreas da capital, transitaram para outras zonas, nomeadamente o Barreiro e Campanhã, e posteriormente, Contumil.[1] Também foram responsáveis por rebocar o Sud Expresso[7], e os comboios entre Coimbra e a Figueira da Foz[8], e comboios regionais no Ramal de Lagos.[9]
Cada locomotiva contava com uma potência de cerca de 1000 Cv, podendo atingir os 80 km/h, e rebocar comboios de carga até 700 toneladas.[2]
Ficha técnica
Características gerais
- Tipo de locomotiva: Tanque[1]
- Número de unidades construídas: 27 (070 a 097)[1]
- Fabricante: Henschel & Sohn[6][8] e SLM Winterthur[1][10]
- Entrada ao serviço: 1916 a 1945[2]
- Potência: 1000[2]
- Velocidade máxima: 80 km/h[2]
Ver também
Referências
- ↑ a b c d e f g h i j k Martins et al, 1886:87-88
- ↑ a b c d e f g h i j k l m n «Oficinas Gerais da C. P.» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. Ano 56 (1372). 16 de Fevereiro de 1945. p. 90-93. Consultado em 12 de Dezembro de 2021 – via Hemeroteca Digital de Lisboa
- ↑ Estação do Rossio. Grupo Infraestruturas de Portugal IP • Unidade de Património Histórico Cultural e Direção de Comunicação, Imagem e Stakeholders: 2017. Colab. Arquivo Histórico da C.P. (folheto desdobrável)
- ↑ a b Jorge Eusébio: Município rejeita fazer das locomotivas a vapor nas Devesas "uma questão gaiense" Lusa (2022.11.08)
- ↑ «CP - Comboios de Portugal - 070 a 097». Portugal Ferroviário. 27 de fevereiro de 2021. Consultado em 31 de dezembro de 2022
- ↑ a b REIS ET AL, 2006:108
- ↑ REIS et al, 2006:94
- ↑ a b SILVA e RIBEIRO, 2007:106
- ↑ DUARTE, Vasco (2005). «O Ramal Ferroviário do Barlavento Algarvio». O Foguete. Ano 4 (13). Entroncamento: Associação de Amigos do Museu Nacional Ferroviário. p. 53. ISSN 1647-7073
- ↑ Silva e Ribeiro, 2007:114
Bibliografia
- REIS, Francisco; GOMES, Rosa; GOMES, Gilberto; et al. (2006). Os Caminhos de Ferro Portugueses 1856-2006. Lisboa: CP-Comboios de Portugal e Público-Comunicação Social S. A. 238 páginas. ISBN 989-619-078-X !CS1 manut: Uso explícito de et al. (link) !CS1 manut: Nomes múltiplos: lista de autores (link)
- MARTINS, João Paulo, BRION, Madalena, SOUSA, Miguel de, LEVY, Maurício, AMORIM, Óscar (1996). O Caminho de Ferro Revisitado. O Caminho de Ferro em Portugal de 1856 a 1996. [S.l.]: Caminhos de Ferro Portugueses. 446 páginas !CS1 manut: Nomes múltiplos: lista de autores (link)
- SILVA, José Ribeiro da; Ribeiro, Manuel (2007). Os Comboios em Portugal. Volume III 1.ª ed. Lisboa: Terramar - Editores, Distribuidores e Livreiros, Lda. 203 páginas. ISBN 978-972-710-408-6 A referência emprega parâmetros obsoletos
|coautor=
(ajuda)
Ligações externas
- «Fotografia da locomotiva 093, no sítio electrónico Flickr»
- «Página com fotografias da locomotiva 070 nas oficinas do Entroncamento, no sítio electrónico Railfaneurope» (em inglês)
- «Página com fotografias da locomotiva 082, no sítio electrónico Railfaneurope» (em inglês)
| ||||||||||||
---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|
Tipologia ↓ | diesel / gasolina / gasogénio | vapor: carvão / óleo | elétrica: IP: 25 kV / 50 kHz ou (*) 1500 V; outras redes q.v. | ← Tracção | ||||||||
Estado → | em serviço | fora de serviço (ou uso ocasional) | em serviço | Bitola ↓ | ||||||||
Rede IP (Notas: A itálico, séries com uso partilhado entre a C.P. e outras empresas, simult. ou não; a itálico sublinhado, séries usadas exclusivamente por outra empresa.) | ||||||||||||
automotoras | “592” | remodelados | M1 0050 0100 0500 0750 0600 0650 | 1001 Z1 | 2000 2050 2080 ABm1-18→ | remodelados | 2300 2400 3400 3500 4000 | 1668 mm (ibérica) | ||||
VIP⎱ 0350⎰ 0450← | ←0300 ←0400 | 2100⎫ 2150⎬ 2200⎭ ⎰*3100→ ⎱*3200→ | →2240 →3150* →3250* | |||||||||
9630 | 9500← | ←9700─╮ 9400←╯ | ME1 ME21 9050 9100 9300 9600 | (Vale do Lima) | (não existe atualmente tração elétrica na rede ferroviária métrica da IP) | 1000 mm (métrica) | ||||||
locomotivas | 9000 9020 Lydya |
| ||||||||||
1200 1400 1500 1520 1900 1930 6000 | 1300 1320 1550 1800 1960 |
| 2500 2550 3300* | 2600 2620 4700 5600 | 1668 mm (ibérica) | |||||||
locotratoras | 1150 | 1000 1020 1050 1100 | 005 | |||||||||
Redes locais (excl. sistemas de frota fixa específica, como funiculares e teleféricos) | ||||||||||||
bondes |
| STCP200 STCP270 STCP280 | 1435 mm (padrão) | |||||||||
automotoras | ML7 ML79 | ML90 ML95 ML97 ML99 ML20 ML24 | ||||||||||
LRVs, articulados | MP000 MP100 MP200 C000 | |||||||||||
CCFL501 CCFL601 | 900 mm | |||||||||||
bondes | TUB1 |
| CCFL001 CCFL003 CCFL005 CCFL541 CCFL701 CCFL737 | |||||||||
(PdV-VdC) | (CCFTNA) (CFPLER) | SMTUC01 SMTUC03 SMTUC16 | (CSA) | 1000 mm (métrica) | ||||||||
locomotivas | CSA 23074 | (Pomarão) | ||||||||||
(Transpraia) (P.d’El-Rei) | (Mira) (CFPL) | 600 mm | ||||||||||
(JAPH) N0(JAPPD) | 2140 mm | |||||||||||
Estado → | em serviço | fora de serviço | em serviço | Bitola ↑ | ||||||||
Tipologia ↑ | diesel / gasolina / gasogénio | vapor: carvão / óleo | elétrica | ← Tracção | ||||||||
Ver também: Linhas • Serviços • Empresas • Multimédia • Acidentes |